Os
tuk tuks de Lisboa são a verdadeira celebração do multiculturalismo desorientado: conduzidos por guias que sabem vagamente quem foi Pessoa — afinal, estacionam em linha de vista d’
A Brasileira — e talvez até arrisquem um palpite sobre os cruzados e o Castelo, mas que narram a história de
Lisbon num inglês exótico, como se fosse o cenário de um filme de domingo à tarde. Deslizam pelas colinas com a confiança de quem confunde Alfama com um mercado de
souvenirs e param em miradouros que não reconheceriam sem o socorro do Waze. É o turismo reinventado — onde quem sabe pouco guia quem não quer saber nada.
São, talvez, como tanta coisa de hoje, "feitos à portuguesa". Sem brio profissional, gosto pela cidade ou saber verdadeiro que os sustente. Quem usufrui vai ao engano. Se é como diz, não passa da imagem pobre de um país ranhoso. E dói que assim seja.
ResponderEliminarHá dias em que Lisboa se assemelha um palco onde a autenticidade ensaia discretamente nos bastidores. Ainda assim, há algo nela que permanece intocado, uma resistência silenciosa que se revela a quem a procura sem pressa. Talvez o verdadeiro brio da cidade esteja nessa teimosia de continuar a ser ela própria, mesmo quando parece abandonada, de tão procurada.
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