28.3.24

quase livre

Mena, já está livre, apregoa o cavalheiro de meia-idade, à minha frente, na fila para a caixa de auto-serviço. Como que duvidando da eficácia da palavra assim lançada, junta os lábios fartos e com uma destreza só reservada aos mestres da arte, praticantes de longa data, envia na direção da esposa, afastada uns cinco metros na zona das cadeiras de jardim, dois modulados assobios que ecoam como fogo de artifício nos vastos e arejados armazéns da grande superfície sueca, por cima das cabeças pasmas dos restantes utentes, naquele plácido domingo.

2 comentários:

  1. Antigamente os rapazes cumprimentavam assim rapariga que lhes agradasse. Mais tarde, o assobio ficou por conta dos camionistas. Hoje, os piropos dados ao desprezo e os camionistas sem gente na rua a quem assobiar, vem este senhor inaugurar a retoma. E no meio de tanta gente, talvez nem seja descabido. Mas é um bocadinho detestável responder a um assobio, parece coisa canina.
    Boa Páscoa, Xilre.

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    1. E fiquei com a ideia de que não seria primeira vez, ou ocasião exclusiva... Uma Boa Páscoa, bea

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