13.11.24

um suspiro longo

há um certo encanto na exaustão
uma quietude áspera, quase severa
onde a pele já não sente –
e o olhar descansa, imóvel,
num ponto qualquer,
como se a própria alma
decidisse ausentar-se por um instante

8 comentários:

  1. Acredito que dependa do tipo de exaustão... :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sem dúvida – há exaustões que nos gastam e outras que nos transformam. A que me refiro é aquela que quase nos torna imortais, porque já nada sobra para sentir.

      Eliminar
  2. E quando essa exaustão se estende aos músculos, aí é que é, mas aí a alma não se ausenta tanto.
    Boa tarde Sr.Xilre.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Boa tarde, Joaquim. Essa é a exaustão nobre, a do corpo. Quando nos extenuamos até que os músculos se revoltem, parece que a alma decide manter-se por perto para testemunhar a catástrofe – talvez para se rir um pouco da nossa condição.

      Eliminar
  3. Também julgo que depende da exaustão. Sendo por excesso de trabalho, é um pequeno inferno. Do qual, felizmente, se pode sair.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Excesso de trabalho, esse velho conhecido. De facto, um inferno feito de papelada, prazos e pequenos demónios em formato de minudências (in)consequentes. Mas como diz, felizmente, até os infernos têm saídas de emergência.

      Eliminar
  4. Eu chamo a esse estado "melancolia".
    Boa tarde, caro Xilre.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Boa tarde, Maria Eu. Talvez seja uma prima da melancolia, uma versão mais crua, sem o lirismo da saudade. Um estado onde até a melancolia hesita, e é a simples ausência que toma o seu lugar – um vazio exato e sem nome.

      Eliminar