Ao ver os filhos dos dois supranumerários de Famalicão, fiquei a pensar quão infelizes poderão ser no seio de tal família se a lotaria da genética lhes atribuir preferências que não são as do pai, perturbador personagem, saído diretamente das notas de rodapé de algum conto esquecido de Agustina.
Famalicão era mais do Camilo...
ResponderEliminarNeste caso até pensei em certo funcionário que aparece não em Famalicão, mas em Brindisi, em «Embarque em Brindisi»...
EliminarLi hoje, de vários entendidos na matéria este comentário "está ali um que é dos nossos" Isto escrito por gays e lésbicas. Revi nessa perspetiva e tendo a afirmar o mesmo. Pobre miúdo. Se não der o grito do ipiranga quando atingir a maioridade ou tal lhe seja financeiramente permitido estará ali um caso sério do foto da doença mental. A mãe também terá grande futuro como já deixou de ter. Nem se atreveu a dizer que tem um doutoramento tal é o grau de castração a que está submetida. Teve que ser o garanhão a evidencuá-la como um troféu.
ResponderEliminarAcabei de ler e faz todo o sentido algo que já se sabe há muito tempo: quando alguém obcessivamente luta contra uma situação natural, sobretudo no domínio do comportamento humano, é por ter algo a esconder.
EliminarAo ler «O Delfim», há muitos anos, fiquei espantado como provava que o feudalismo em Portugal tinha durado até, pelo menos, aos anos sessenta. Este caso prova que, afinal, cinquenta anos depois, ainda não está extinto...
EliminarJunto-me à justeza do texto publicado e ao esclarecido comentário de Maria.
ResponderEliminarIndigna-nos que este pai se sirva dos filhos e da mulher para afirmar o seu fanatismo, o seu individualismo, a sua arrogância.
«Deus, pátria e família»: ainda que o slogan já não seja usado, ainda tem porta-estandartes como ele...
EliminarComo não sei pormenores e, neste caso, nem lhes dou grande importância, julgo que, a bem da rapaziada mais nova, deve cumprir-se o que está estabelecido na lei. Isto, sem negar a quem deseja mudança, o direito de lutar por aquilo em que acredita. Nada é eterno. Mas, suponho que, até à meta - lá está -, há que cumprir a lei que vigora. E ponto. O resto é apenas lamentável. Estou eu a pressupor que o post se refere às aulas de Cidadania e tal e tal.
ResponderEliminarBFS
É a pretexto das aulas de Cidadania. Mas é também o sinal da existência de um espírito feudal que julgávamos enterrado nos livros de História, mas que está mesmo aqui ao lado.
EliminarSim, n' A Alma dos Ricos. Acho que está lá tudo em letra miudinha.
ResponderEliminarCom o olhar irónico e arrasador de Agustina...
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ResponderEliminarA título de curiosidade, deixo as palavras de um mãe de Famalicão sobre este assunto, que aplaudo.
Bom final de Domingo, Xil.
Sou uma mãe de Famalicão. Uma entre os milhares de encarregados de educação de alunos matriculados no Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco, em Vila Nova de Famalicão. E nessa qualidade também tenho as minhas considerações a propósito das aulas de Cidadania.
Uma vez a minha primogénita levou um ovo cru para a escola. Durante a aula, ela e os colegas escolheram um nome para o seu ovo, no qual desenharam olhos, nariz e boca. Foram imbuídos de uma missão: ter sempre o ovo junto de si durante alguns dias (na escola, em casa, nas atividades extracurriculares, nos passeios, etc.) tomando os devidos cuidados para evitar que se partisse. Ninguém sabia o porquê.
Findo o prazo poucos foram aqueles que conseguiram o objetivo inicial: não quebrar o ovo. Nessa altura, os alunos foram convidados a conversar sobre os principais desafios que sentiram ao cuidar do ovo e foi traçado um paralelo sobre ser mãe/pai na adolescência: se foi difícil cuidar de um ovo, como teria sido cuidar de um bebé, que tem muitas mais necessidades do que simplesmente ser transportado com cuidado de um lado para o outro? Para alguns, falar de fecundação e gestação é falar de sexualidade. Na verdade, são temas de Saúde, especialmente na adolescência.
Embora saiba que algumas mentes mais tortuosas vão usar este exemplo para tentar passar a ideia de apologia ao aborto, o facto é que essa palavra - que representa um direito assegurado pela lei portuguesa - não foi proferida em sala de aula. Falou-se em prevenção e não em interrupção.
Aos que consideram que a disciplina de Cidadania induz a apologia do aborto, sugiro que procurem saber sobre gravidez na adolescência em Portugal. Em 2020, registaram-se 1763 nascimentos de mães adolescentes, o que significa uma média de quase 5 nascimentos por dia.
Numa outra aula, os alunos discutiram distúrbios alimentares como anorexia e bulimia, temas cada vez mais importantes numa sociedade de fotos editadas com filtros nas redes sociais e padrões de beleza cada vez mais inatingíveis, para além de pouco saudáveis. Noutras aulas foram abordados temas como bullying, educação financeira, reciclagem. Noutra aula ainda foram abordados os cuidados de higiene durante o período menstrual.
Se alguém vê como um problema o debate sobre estes temas em ambiente escolar, há a hipótese de insurreição contra as aulas de ciências para evitar falar sobre o corpo humano e sobre Saúde.
Como mãe, sempre acompanhei os conteúdos ministrados e não consigo compreender a polémica em torno das aulas de Cidadania. Talvez porque, em casa, as minhas filhas são educadas para o respeito pelos Direitos Humanos e pela diversidade. Ou seja, para nós, como pais, e para elas, como educandas, essas aulas não vieram trazer nada de novo.
Elas sabem, desde cedo, que o universo não nasceu num estalar de dedos. A responsabilidade não é da escola. Se pretendesse responsabilizar o Sistema de Ensino, "culparia" outra disciplina. Provavelmente começaria pelas aulas de Português, onde aprenderam o significado de metáfora e de outras figuras de linguagem.
Cada um tem direito de acreditar nas suas próprias ideias. Não se pode é querer moldar o ensino ao seu feitio. À escola pública cabe a universalidade e democratização do ensino. Não há doutrinamento, nem direcionamento. Isso são desculpas. O que se ensina é a conviver com a diferença e, principalmente, a respeitar o que é diferente.
Diretora do Notícias de Famalicão
*uma mãe
EliminarHouellebecq, com todos os defeitos que possa ter, tem uma enorme qualidade: tem conseguido mostrar quão ameaçado se sente certo tipo de homem habituado a um mundo tradicional, neste novo mundo. Em Portugal, não há escritor, que eu me recorde, que aborde o tema do mesmo modo. Mas merecia. Creio que este caso de Famalicão é, precisamente, um exemplo. É a reacção básica de quem vê uma certa concepção do mundo a derrocar e não sabe como lhe fazer frente. Escolhe a birra, como as crianças e os narcisistas.
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