4.1.23

termómetro

o termómetro do telefone diz-me que acordei com sete graus. lá fora, claro, que se fossem os graus meus, concordemos, o termo “acordar” pertencia ao domínio do realismo mágico. sete graus significam que não me posso distrair a tomar o café. uma minudência inconsequente como esta tem de ser escrita no tempo da chávena aflorar os lábios. se esta nada diz, melhor, se não aquece nem arrefece, a culpa é do termómetro.

5 comentários:

  1. Gostei de relembrar a expressão: "aflorar os lábios".
    Não a lia (embora num outro contexto) desde os romances da Corin Tellado, que eu lia, à socapa e à sorrelfa, - qual ladrão de ovíparos palmípedes - e pertenciam à minha mana. Esta confissão, sem propósito, creio que será entendida e perdoada.
    Afinal, também nós, suas leitoras, temos direito às nossas minudências inconsequentes. Pois não é, caríssimo Xilre?
    Desejo-lhe uma boa tarde.

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    1. O café, esse grande nivelador de eras e sentidos...

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  2. Se algum dia nós imaginámos ter um telefone móvel e com termómetro, televisão, cinema, jogos, o que se queira. Também é verdade que, em geral, não nos perdíamos a imaginar telefones diferentes.
    Que a sua tarde seja bem aquecida e possa escolher a fonte de calor.

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    1. Tenho a esperança (vã, confesso) de que os telefones façam o trajeto inverso, regressem aos tempos em que apenas serviam para falarmos por eles -- voltar a meter o génio na lâmpada, por outras palavras. Mas os génios são, notoriamente, rebeldes...

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    2. Beemmm. isso depende só da forma como o usa. Ou não? Se assim o quiser, serve apenas para chamadas.

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