28.4.23
Caixa de madeira
Quando tinha seis anos, acreditava que as gentes que apareciam na televisão viviam mesmo atrás do vidro, na bela caixa que parecia de madeira. Passaram os anos, as caixas deixaram de parecer de madeira, tornaram-se tão finas que custa a crer que lá caiba alguém e a minha certeza de então esmoreceu em dúvida. Até hoje. Ao tomar o pequeno-almoço em café diferente do habitual, televisão ligada em canal outro, percebi que há quem seja capaz de passar horas a discutir as malas usadas por uma tal de Dona Dolores, versus as de uma tal de Dona Georgina, supostamente sua nora. Ou, pelo menos, todo o tempo em que demoro a tomar um café, comer um pão de deus e escrever uma minudência inconsequente. Vivem, agora estou certo, vivem na televisão. Aos seis anos eu já sabia, afinal, tudo o que precisava sobre o mundo. Que tempo perdido até voltar a redescobrir tudo de raiz.
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