29.9.24

Cada um busca o seu graal

De entre os livros a que regresso a cada seis meses, quando não a três, ou menos até, segundo a disposição, são as coletâneas de textos, publicados em sucessivos blogs — já desaparecidos — pelo mesmo autor. Que desperdício, ocorre-me, a cada vez, pensar que muitos — quase todos? — os autores de blogs, não publicarão, não consideram sequer publicar — o que escrevem nas páginas das internetes, em papel. O que se perde, de boa memória e de melhor prosa, nos desaparecimentos de plataformas, que inevitavelmente têm vindo a suceder, tendência que não vai abrandar, e que leva ao naufrágio sem remissão, de anos de muito do melhor que se escreveu em Portugal desde dois mil e cinco. Bem podem — e que me desculpem desde já os fãs de um João Tordo ou de um Valter Hugo Mãe — escrevinhar como se a tinta estivesse em vias de extinção, que ah, o pechisbeque é aquele material que fica baço assim que a mão lhe toca. Nenhum deles, e de outros — tomados como estrelas brilhantes em vez de meros asteróides — que vamos encontrando no topo das listas de vendas das livrarias, chega à arte e talento de alguma da melhor gente que escreveu — alguns, felizmente, ainda escrevendo — nisto dos “web logs” que, por preguiça e conveniência, abreviamos para “blogs”(*).

(*) Mas nunca, por todos os deuses das internetes e da língua portuguesa, “blogues”.

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