Esta noite também fiquei levantada, preparando alguns presentes para os meninos. Michele queria fazer-me companhia e eu disse: «Não, obrigada, podes ir dormir». Mas era porque, a seguir, eu tencionava escrever. Agora, por trás de qualquer coisa que eu faça ou diga, existe a sombra deste caderno. Nunca poderia acreditar que tudo o que me acontece ao longo do dia merecesse ser anotado. A minha vida sempre me pareceu meio insignificante, sem acontecimentos notáveis além do casamento e do nascimento das crianças. Mas desde que, por acaso, comecei a manter um diário, percebo que uma palavra, um tom, podem ser tão importantes, ou até mais, quanto os factos, que estamos habituados a considerar como tais. Aprender a compreender as pequenas coisas que acontecem todos os dias talvez seja aprender a compreender realmente o significado mais profunda da vida. Mas não sei se isso é bom, temo que não.
«O caderno proibido», Alba de Céspedes
O significado mais profundo da vida?!...
ResponderEliminarDiz que são sete os palmos, abaixo do solo, a medir essa profundidade.
“Ashes to ashes, funk to funky”, como o Major Tom?
EliminarConcordo com Alba. Só tem um contra: aprender diariamente essa virtude de saber ver o quotidiano, é difícil. Falhamos bastante, mesmo sabendo ser verdade.
ResponderEliminarE manter um caderno que conte tais maravilhas pequenas é ainda mais difícil. Ou talvez seja como a coca cola, ao fim de um tempo de persistência, entranha. A mim parece-me impossível, sou de coisas meias feitas. Para meu azar. Talvez.
Bom sábado Xilre
Daí os blogs, diários que mantemos fechados a sete chaves, à vista de todos.
EliminarBom final de domingo, bea
Que texto tão bom... vou guardá-lo antes que o X o apague 😊
ResponderEliminarOh, já lá vai o tempo… 😊 (agora são mais duradouros)
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