27.9.24

Caderno

Esta noite também fiquei levantada, preparando alguns presentes para os meninos. Michele queria fazer-me companhia e eu disse: «Não, obrigada, podes ir dormir». Mas era porque, a seguir, eu tencionava escrever. Agora, por trás de qualquer coisa que eu faça ou diga, existe a sombra deste caderno. Nunca poderia acreditar que tudo o que me acontece ao longo do dia merecesse ser anotado. A minha vida sempre me pareceu meio insignificante, sem acontecimentos notáveis além do casamento e do nascimento das crianças. Mas desde que, por acaso, comecei a manter um diário, percebo que uma palavra, um tom, podem ser tão importantes, ou até mais, quanto os factos, que estamos habituados a considerar como tais. Aprender a compreender as pequenas coisas que acontecem todos os dias talvez seja aprender a compreender realmente o significado mais profunda da vida. Mas não sei se isso é bom, temo que não.

«O caderno proibido», Alba de Céspedes

6 comentários:

  1. O significado mais profundo da vida?!...

    Diz que são sete os palmos, abaixo do solo, a medir essa profundidade.















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    1. “Ashes to ashes, funk to funky”, como o Major Tom?

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  2. Concordo com Alba. Só tem um contra: aprender diariamente essa virtude de saber ver o quotidiano, é difícil. Falhamos bastante, mesmo sabendo ser verdade.
    E manter um caderno que conte tais maravilhas pequenas é ainda mais difícil. Ou talvez seja como a coca cola, ao fim de um tempo de persistência, entranha. A mim parece-me impossível, sou de coisas meias feitas. Para meu azar. Talvez.
    Bom sábado Xilre

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    1. Daí os blogs, diários que mantemos fechados a sete chaves, à vista de todos.

      Bom final de domingo, bea

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  3. Que texto tão bom... vou guardá-lo antes que o X o apague 😊

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    1. Oh, já lá vai o tempo… 😊 (agora são mais duradouros)

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