26.9.24

Dos blogs

E foram as internetes, leitora, que dizimaram os blogs. Foram as internetes que roubaram o tempo de leitura às gentes que aos doze ou catorze anos descobriram que atrás de um ecrã estava um mundo que não precisava da página escrita em papel. Os que aportaram ao início da adolescência a partir do ano dois mil dificilmente se habituaram a ler naquelas longas horas que os de antes das internetes o faziam. Se não se habituaram a ler, menos ainda a escrever. Quem nasceu depois de mil novecentos e oitenta e cinco não se abalança a criar devaneios escritos. O devaneio fica-se pelas fotos das viagens às Maldivas, nas férias; ao Rio, na passagem do ano; ou ao ginásio com treinador privativo, no resto dos dias. A escrita, esse retrato interior, perdeu a batalha contra os retratos exteriores. As internetes coroaram rainha, a imagem. A palavra, deposta, partiu para o exílio.

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