o poema aproxima-se sem aviso —
primeiro bruma, depois floresta,
arrasta-se na sombra, instinto puro
toca-me com dentes de silêncio
é um lobo de palavras famintas
que devora o espaço entre respirações
um murmúrio voraz na pele inquieta
que se aninha e me fere devagar
cedo-lhe o papel, deixo-o cair em desabrigo
sinto-o arranhar as margens do sonho
e quando, por fim, repousa ao meu lado
não sei se o dominei ou se me tornei seu