o poema aproxima-se sem aviso —
primeiro bruma, depois floresta,
arrasta-se na sombra, instinto puro
toca-me com dentes de silêncio
é um lobo de palavras famintas
que devora o espaço entre respirações
um murmúrio voraz na pele inquieta
que se aninha e me fere devagar
cedo-lhe o papel, deixo-o cair em desabrigo
sinto-o arranhar as margens do sonho
e quando, por fim, repousa ao meu lado
não sei se o dominei ou se me tornei seu
A altura destes versos faz-me sentir anã.
ResponderEliminarObrigado, bea — é o olhar atento que dá altura ao poema, não o inverso.
EliminarO poema corta qualquer amarra!
ResponderEliminarBoa tarde, Xilre.
Gostei dessa leitura – a liberdade do poema reside, talvez, na sua própria ferocidade. Ao cortar amarras, desafia a ser domado mas recusa a submissão. É uma dança onde, no fim, não sabemos quem conduz.
EliminarNoite boa, Maria Eu.