16.11.24

Dois dedos

À porta do restaurante, a fila era agora parte da paisagem. Um casal aproxima-se. O homem levanta dois dedos: «Somos dois.»

O empregado, com um sotaque alentejano a lembrar um verso de cante, pergunta: «Com ou sem reserva?»

O homem, como se ecoasse o refrão, responde: «Com fome.»

2 comentários:

  1. Havendo fila, ou é bom ou é barato, ou as duas coisas, o que rareia. Se o Sr. Xilre lá foi, bom deve ser com certeza.
    Dois dedos dão para muita coisa e dito isto, vou tentar lembrar-me de mais usos a acrescentar aos que já me perpassaram pelo espírito.
    Boa tarde.

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    1. Dois dedos — um número ou um limite? Gestos que sugerem mais do que dizem, como se a fome, o tempo e o espaço convergissem num instante. Talvez a fila à porta não seja um obstáculo, mas um espelho: aguardamos, mas não sabemos pelo quê.

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