À porta do restaurante, a fila era agora parte da paisagem. Um casal aproxima-se. O homem levanta dois dedos: «Somos dois.»
O empregado, com um sotaque alentejano a lembrar um verso de cante, pergunta: «Com ou sem reserva?»
O homem, como se ecoasse o refrão, responde: «Com fome.»
Havendo fila, ou é bom ou é barato, ou as duas coisas, o que rareia. Se o Sr. Xilre lá foi, bom deve ser com certeza.
ResponderEliminarDois dedos dão para muita coisa e dito isto, vou tentar lembrar-me de mais usos a acrescentar aos que já me perpassaram pelo espírito.
Boa tarde.
Dois dedos — um número ou um limite? Gestos que sugerem mais do que dizem, como se a fome, o tempo e o espaço convergissem num instante. Talvez a fila à porta não seja um obstáculo, mas um espelho: aguardamos, mas não sabemos pelo quê.
Eliminar