No sábado, no centro de Lisboa, enquanto saboreava as minhas sopas de cação, a mesa à esquerda debatia o tarot com a seriedade de quem busca sentido onde ele nunca esteve. Do lado direito, um grupo feminino de cante alentejano decidiu brindar os comensais com ‘o passarinho cantou, às quatro da madrugada'. Entre as cartas e o cante, pensei que, talvez, naquele restaurante, só as sopas estivessem — realmente — no lugar devido.
Um grupo feminino de cante é coisa que nunca vi nem ouvi no Alentejo (mas tenho pena). Só mesmo Lisboetas para misturarem cante feminino com tarot e sopa de cação.
ResponderEliminarLisboa tem destas misturas inesperadas — transforma tradições alentejanas e esotéricas em algo que só faz sentido entre os seus azulejos e ruas estreitas. Talvez este grupo feminino de cante seja mais um eco do Alentejo que decidiu experimentar a cidade. Nem sempre o resultado é fiel, mas convenhamos: não deixa de ser curioso.
EliminarPara o senhor foi entre as cartas e o cante, para nós leitores foi entre as cartas, o cante e o Sr.Xilre, o que torna desde logo o local bastante eclético e até arriscava dizer que o repasto aconteceu no restaurante da Casa do Alentejo.
ResponderEliminarBom domingo
Apesar da atmosfera que descreve, o restaurante era bem mais simples, com a alma nos tachos e a improvisação no ambiente. Ali, a sopa cumpria o que prometia, as cartas buscavam respostas incertas e o cante feminino ecoava como um ensaio urbano das tradições alentejanas.
EliminarBom final de domingo
Eu adoro fusões e coisas improváveis, teria por certo desfrutado o momento.
ResponderEliminarO improvável reorganiza o mundo de formas curiosas. A sopa estava no ponto, mas foi o cante feminino que trouxe ao momento um sentido que nem o tarot ousaria prever.
Eliminar