Dona Ana entrou no café de Senhor João e pediu um prego e uma salada “para take away”, no tom de quem leva a despacho um registo de propriedade. Durante quinze minutos, tempo indicado por Senhor para término dos trabalhos de confeção, fez ronda discreta pelas montras ao lado da esplanada, num vaivém metronómico, reflectindo-se de vidro para vidro. O meu almoço terminou, entretanto. Escoado o tempo, encontrou o saco à espera, sobre o balcão; pagou, pegou nele com um aceno mínimo e saiu, com o passo calculado de quem tem tudo por fazer.