18.12.24

O Pai e o ídolo futuro

O rapaz desfilava pela loja com a solenidade de um general em vésperas de batalha. Os ténis, escolhidos com o rigor de um tratado diplomático, prometiam conquistas sem precedentes no recreio.
O Pai, afogado entre etiquetas de preços e promessas de resistência, virou-se para o empregado com um sorriso cansado: «E espatifam-se logo ao primeiro pontapé, não é?» A resposta veio acompanhada de um encolher de ombros eloquente, que dizia mais do que qualquer discurso ensaiado.
Pagou, claro. Entre a engenharia do calçado e a vontade de um miúdo, sabia bem qual cederia primeiro – e não era o entusiasmo.

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