Há um mérito discreto nos livros medíocres, esses fiéis companheiros de noites de insónia e viagens de comboio, que não exigem mais do que uma atenção distraída e uma paciência moderada; são eles que protegem a literatura do peso esmagador dos génios, oferecendo ao leitor a doce ilusão de que talvez, com tempo e um ligeiro esforço, pudesse escrever algo semelhante, ou até melhor, num cúmulo de soberba — e que bela generosidade essa, permitir que todos se sintam, por um instante, à beira da imortalidade sem o incómodo da grandeza.