Encontrar um amigo é um acto de precisão quase matemática, como ajustar um mecanismo descentrado cuja engrenagem finalmente se alinha. Não se trata de preencher um vazio, mas de corrigir um desvio, de restabelecer uma lógica que o mundo, na sua vastidão imperfeita, parecia ter esquecido. Entre duas inteligências que se reconhecem, o tempo não conta: a conversa retoma onde nunca começou, como se as palavras fossem apenas a superfície de um entendimento mais profundo. Não há necessidade de provar nada, porque a amizade verdadeira não se justifica — existe, como um teorema resolvido, uma peça encaixada, um equilíbrio reencontrado.