16.10.24

cidades visíveis

querido Italo,

li as tuas cidades como quem lê sonhos que nunca soube ter. as tuas palavras desenham mapas que me fizeram questionar se as cidades que vejo são, afinal, tão reais quanto as que imagino.  

escrevo-te de uma cidade que ainda não existe, mas que sinto crescer dentro de mim. as ruas são feitas de sombras, e os edifícios mudam de cor ao ritmo da memória. aqui, as pontes não ligam margens, mas saltam de tempos em tempos, levando-me para lugares que nunca vivi mas que me parecem familiares.  

dizem que as cidades invisíveis nunca desaparecem, porque habitam a paisagem do pensamento, e é aí que nos encontramos sempre — entre o que se vê e o que se sonha.

com amizade e silêncio, 

Valérie

[de uma carta, que se supõe nunca ter sido enviada, de Valérie Devries para Italo Calvino]

4 comentários:

  1. Numa cidade imaginária pode-se sempre habitar o sonho.

    Boa noite, caro Xilre, e bons sonhos.

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    1. Felizmente, nas cidades não imaginárias, o sonho também nos não está interdito.

      Um sábado luminoso, Maria Eu

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  2. Um bom livro. Cidades invisíveis, as que nunca desaparecem.
    Boa noite, Xilre

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    1. Ou que estão visíveis para quem as sabe ver.

      Bom sábado, bea

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