20.10.24

o papel e o silêncio

há momentos em que escrever é como procurar água num deserto

as palavras resistem, escondem-se nas esquinas da folha

fingem que não sabem o caminho de volta

e eu, com as mãos vazias, tento encontrar o fio da frase perdida

como quem procura um eco numa sala sem janelas


a certa altura, é como se o papel me devolvesse o olhar

esperando que eu desista

mas eu persisto, na esperança de que o silêncio

se renda primeiro

4 comentários:

  1. Não será defeito ou feitio que o tempo vai inscrevendo no pensamento? Pelo que escreve, Xilre, não é mau domador de palavras.

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    1. Oh, apenas porque as palavras são, em certas horas, amigáveis como coelhos...

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  2. Olhe quando elas regressam vale sempre a pena...e isso é o que conta .

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    1. Se aparecessem sempre quando se esperam, não daríamos valor aos regressos quando são filhas pródigas, diria eu...

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