Nada há mais digno do que um fracasso bem conduzido. O sucesso, esse é fácil de compreender e de glorificar — tem números, aplausos, fórmulas que podem ser copiadas. Mas o fracasso, quando executado com verdadeira arte, é uma experiência estética, um gesto de requinte, um mergulho no abismo com a compostura de quem já sabia que ia cair. Há algo de poético em ver alguém apostar tudo numa ideia condenada desde o início, insistindo contra o óbvio, desafiando a lógica, sustentando um castelo de cartas com a pura força da ilusão.
A tragédia do fracasso vulgar é que não tem estilo: resulta do descuido, da falta de ambição, da preguiça. Mas o fracasso elegante é outra coisa — um desafio aos deuses, um exercício de grandeza. O herói shakespeariano não fracassa por inépcia, mas por excesso de virtude ou de paixão. O empreendedor genial que perde tudo numa ideia mirabolante e inútil merece mais respeito do que o medíocre que nunca arrisca. O grande amor que se destrói por um capricho ou um orgulho néscio tem mais beleza do que aqueles que sobrevivem por simples falta de alternativa.
Dir-se-á que a vida é para vencer, mas a verdade é que todos perdemos no fim. Por isso, não há nada mais humano do que aprender a falhar com dignidade, até com um certo prazer. E, quem sabe, um dia pode ser que o mundo entenda que o verdadeiro luxo não está em chegar ao topo, mas na queda bem executada, no gesto final do derrotado que, antes de sair de cena, ainda encontra tempo para um último brinde à própria ruína.