A sexta-feira à noite chega com o entusiasmo de um herdeiro que não sabe o que fazer com a fortuna súbita. O fim de semana promete, mas nunca garante, como uma edição rara de Proust que, afinal, é apenas um
fac-símile. Os bares enchem-se de almas que cumprem o rito de libertação com uma precisão quase sacra — como se o último gin pudesse expiar as agruras da semana finda. E assim começa o desmoronar coletivo: uma celebração tão solene quanto vã, enquanto as luzes mortiças invocam um esquecimento efémero — pouco mais que um bálsamo fugaz.
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