25.11.24

O culto do galo

Entre o bacalhau à minhota e as rabanadas ensopadas em aguardente, os clientes de Senhor Basílio não podem evitar sentir-se observados. São dezenas de galos de Barcelos, alinhados em prateleiras que cobrem as paredes como testemunhas de um julgamento perpétuo. Cada um, com a sua plumagem pintada à mão, parece conter uma alma deslocada: um galo antigo com ar de resignação; outro, moderno, exala uma arrogância que só pode ser descrita como pós-moderna. Basílio, entre uma anedota dos seus tempos de mala de cartão e uma receita herdada da bisavó, garante que são todos autênticos, herdeiros de um folclore que ele próprio trata como religião. Nos galos, o seu Olimpo de porcelana, governando o espaço com quietude divina.

[Traços: x.]

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