Pararam apenas para pedir, “Senhor Joaquim, não há aí nada para petiscarmos?”, e logo voltaram ao tema: uma tal de Patrícia que, não fora a criada, deixaria morrer os filhos à fome. Durante duas horas, Patrícia foi meticulosamente esquartejada ali, mesmo atrás de mim, ao rés do rio tranquilo de fim de tarde. Patrícia que não vai às compras, Patrícia que não cozinha, Patrícia que tudo deixa ao cuidado da criada — Patrícia, que uma coisa assim, não se admite.
Patrícia, quase de certeza, nora de uma delas.
E assim nasceu uma consciência de classe, uma solidariedade para com a empregada doméstica de Patrícia, na expressão exasperada das três. Vi ali germinar um movimento, quiçá imparável.
Já se começaram revoluções por menos.
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