27.7.25

O mundo ao contrário

Menina Shakti agarra-me os tornozelos e puxa-me as pernas -- o com elas o corpo todo -- para mais perto do tecto. Não que eu estivesse a fazer batota, ou pouco concentrado na prática, mas no quotidiano sou mais adepto de ter a cabeça acima dos ombros e não abaixo deles. Os pés lá em cima, acontece-me com menos frequência e, em geral, só aqui, na aula de ioga. Tirando isso, e que me recorde, apenas aquele tombo aparatoso, faz agora vários anos, na calçada polidíssima, reluzente, do verão de uma da sete colinas. Ver o mundo ao contrário, mais do que uma ciência, é uma arte: não pode ser deixado aos acasos e acidentes inestéticos e dolorosos de um amador. Mais uns meses, leitora, e serei especialista em estar de cabeça no chão. De cabeça no ar, prática não me falta. Para mudar de hábitos, aqui como em tudo, o melhor é começar por baixo, que é onde as certezas costumam perder a compostura.

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