Senhor Pedro da esplanada, mais daqui a pouco, quando fizer menos calor e lá me for sentar, haverá de me perguntar, Então o que é que o menino vai querer hoje? Bem demais sabe ele, que eu sou ser de hábitos firmes como os pilares que espreitam, orgulhosos, no rio em frente. Mais tarde, quando for à caixa pagar, o que acontecerá quando o Sol já se tiver rendido lá ao rés do horizonte, questionar-me-á, Então o que é que o cavalheiro paga? Ou as duas ou três horas de esplanada me trocam a idade como um relógio sem travões, ou, pelo contrário, Senhor Pedro faz uma distinção inequívoca entre o eu que pede e o eu que suporta, no fim, as consequências do que consumi. Antes posso ser irresponsável, mas na hora de me chegar à caixa, é o cidadão respeitoso e cumpridor que entrega o cartão e mais um punhado de moedas para o jarro das gorjetas. Não há equívocos. Que isto, leitora, da frequência das esplanadas é, tal como aqueles anúncios que dantes apareciam nos jornais, antes de toda a gente fazer tudo e de tudo com um ecrã à frente dos olhos, uma coisa com que não se brinca. Assim: Cavalheiro culto e asseado procura esplanada para relação estável e de longo prazo. Assunto sério.
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