Na mesa ao lado, na cafeteria do museu, os pais do pequeno e hiperativo infante, criaram, cada um deles, o seu momento de paz, pintando — eles mesmos — com a meticulosidade de um Monet, os livros de colorir que se destinariam ao pequeno desordeiro, caso ele tivesse a paciência, a intenção ou, simplesmente, o desespero, dos exauridos progenitores.
Há crianças impossíveis; mas o que fará o infante enquanto os pais pintam?! Não me parece solução.
ResponderEliminarNa altura em que vi, o infante estava a olhar muito interessado para o trabalho que os pais estavam a fazer por ele: quando crescer, será capataz, decerto...
EliminarVejo, em família, algum desse desespero...como aconteceu?! Não me lembro de ser difícil educar os miúdos...
ResponderEliminarAh, CC, creio que gerações anteriores tinham a sorte de poder brincar à vontade na rua, horas a fio, sem telefone omnipresente, que no fundo é uma monitorização constante,... Eu tive, e cresci numa cidade. Agora, não creio que algum casal deixe os filhos saírem à rua desacompanhados (leia-se até sem telefone), qualquer que seja a cidade (pelo menos em Portugal) e até em muitas vilas. Resultado: conheço casos em que os pais se desdobram a tentar arranjar ocupações para os tempos livres dos filhos -- para evitar a solução habitual que envolva ecrãs. Os ecrãs mudaram de modo irreversível a dinâmica das famílias. (Poder-se-á dizer que a insegurança agora é maior -- concordo que talvez seja um argumento importante. Mas creio que a maior mudança se deu com os telefones, em especial os smartphones -- insegurança, na verdade, não é coisa nova no mundo; nova é esta possibilidade do contacto permanente, desde que surgiu aquele célebre anúncio "tou xim! é pra mim!").
EliminarA palavra "cafeteria" soou-me mal, tem algo de snob. Não sei se estou certa/errada, mas sempre disse e escrevi cafetaria.
ResponderEliminarPor outro lado, talvez seja nesse substantivo que percebi - cada pessoa com as suas 'pancas' - o que li. E repito: ceta/errada, não sei e não fui ao dicionário.
Onde vivo, não existe salada, existe selada.
Onde vivo não existe beber, existe boer.
Onde vivo, não existe quase ninguém.
Estes apontamentos são, muitas vezes, escritos na hora, frente ao que está a acontecer, mais com a velocidade de captar a "impressão" do que com a precisão do lexicógrafo. Este texto foi um desses casos. Cafeteria surgiu, mas poderia ter sido cafetaria. Ambas, confirma-me o Priberam, estão certas. Mas reconheço que a palavra me surgiu sem que tenha pensado muito nela porque estava num local que se designava, na língua lá deles, precisamente por "cafeteria". Ou seja, neste caso, é um anglicismo que, por acaso, resultou bem em português (sorte minha).
EliminarE grato pelo belíssimo comentário.