21.9.25

Mesteres

Em boa verdade, é o médico que me roga que regresse, Daqui a seis meses, quero vê-lo de novo, em tom que não deixa margem para duvidar, quem tem o principal interesse no reencontro. Quando cruzo a porta, as primeiras novidades que me dá são dos avanços que ele fez em áreas do meu mester, aqueles que para mim são obrigação e para ele são devoção. A minha profissão é o hobby dele, não sendo, no entanto, a inversa verdadeira. Sou eu a dar-lhe conselhos, diagnósticos, sugestões para as experiências seguintes: tudo o que faria desta uma consulta normal, se os lugares fossem trocados e os temas de uma consulta normal fossem estes. Ele, com a atenção que todos gostaríamos de ter de um esculápio, bebe cada palavra, agradece profusamente. A rotina que lá me leva é secundária, reduzida aos dois minutos finais, enquanto apertamos a mão e a porta se abre. O primeiro compromisso com que fico, assim, na agenda para dois mil e vinte e seis, são os vinte minutos semestrais, em que me atualizarei sobre os avanços do meu médico, no meu ofício, o mesmo que me permite pagar as consultas que me faz, ou lhe faço a ele — o que for válido consoante o contexto, leitora.

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